Toda hora é hora: em jejum, antes das refeições, no meio da tarde, antes de dormir. Sem contar as vitaminas e suplementos. Organizar a ingestão de tantas cápsulas sem pular horários ou fazer confusão é um desafio. Criada em parceria com a indústria farmacêutica e com operadoras de planos de medicamentos, a startup brasileira SafePill auxilia pessoas nessa tarefa: comprar, separar e administrar pílulas de uso contínuo.
Conectada aos laboratórios parceiros, a healhtech realiza a pesquisa de preços no mercado e realiza a compra dos itens com melhor custo-benefício. A partir de uma tecnologia de automação, separa as cápsulas em sachês plásticos individuais, identificados pelo nome de cada usuário. Ao desenrolar a cartela, o usuário encontra o medicamento a ser tomado, com dia, horário e dosagem. Esses sachês chegam pelo correio, com a quantidade suficiente para um mês.
De acordo com os fundadores, Arlei Alves e Felippe Carone, a ideia é garantir a segurança das pessoas, evitando interações medicamentosas acidentais, causas de 23% das idas a pronto-socorros, e colaborar com a adesão aos tratamentos. Eles citam também a vantagem de poupar as pessoas de irem à farmária.
Com aportes financeiros de investidores como o Grupo Carone e o Hospital Albert Einstein, a startup tem a expectativa de alcançar 40 mil pessoas até 2023. Os planos custam a partir de 39,90 por mês – não incluso o valor dos medicamentos – e são contratados de forma online. Nossa equipe esbarrou em um anúncio da SafePill em uma unidade da Drogasil, em São Paulo. Já está rolando.
Alunos 40+ disparam nas faculdades e universidades
Um público mais criterioso com a qualidade do café que é servido na lanchonete e um ticket mais alto no bar próximo à faculdade. Estas são, no mínimo, duas mudanças imediatas que já refletem um dado surpreendente. Brincadeiras à parte, o mais recente Censo de Educação Superior indicou a presença de 600 mil alunos maduros em faculdades de públicas e privadas de todo o país. Em dez anos, o aumento de alunos acima dos 40 anos matriculados em cursos de graduação foi de 117,1%.
Realizado pelo Ministério da Educação, o estudo mostra também que a modalidade de Ensino à Distância cresceu 474% no mesmo período, o que certamente contribui para a chefada de alunos mais maduros. Outro levantamento, realizado pela Comvest, mostra que entre 2019 e 2023 houve o ingresso de 131 alunos com 40 anos ou mais na Unicamp, em Campinas-SP.
Mais do que o aumento da expectativa de voda, que implicará produzir por mais tempo, um aspecto que está ligado ao aumento de alunos mais velhos na faculdade é o novo paradigma do trabalho. Se antigamente significava apenas garantir o sustento, hoje o conceito evoluiu: trabalhar é, também, realização pessoal e propósito de vida. Nesse aspecto, depois dos 40 anos não há mais tempo a perder.
#DIZEM
Hospital em Israel cria setor voltado 100% à longevidade
Com expectativa de vida média de 83 anos – dois anos acima dos outros países que compõem a OCDE – Israel está não apenas letrado, mas fluente no tema envelhecimento. Além das muitas startups ligadas ao assunto, a novidade agora é a abertura de uma área 100% voltada ao tema dentro do Chaim Sheba Medical Center, o maior hospital público do país. Localizado na capital Tel Aviv, o Sheba consta como um dos 10 melhores hospitais do mundo, segundo a revista Newsweek.
Liderada pela médica e professora Tzipi Strauss, que também atua como uma das diretoras da instituição, a iniciativa propõe a prática da “medicina do envelhecimento”. Sono, menopausa e fragilidade são os três eixos considerados essenciais para se avaliar a qualidade de um envelhecimento, de acordo com a médica.
“A forma como você lida com esses aspectos pode fazer toda a diferença na sua longevidade.” Tzipi Strauss
Especialistas em endocrinologia, ginecologia, geriatria e neurologia devem estar entre os profissionais da clínica, que tem previsão de abertura ao público em setembro. Idosos longevos (acima dos 70 anos) poderão contar com terapias para prevenção de quedas, cognição, transtornos de saúde mental e até mesmo cuidados paliativos.
Gozar (na maturidade) é revolucionário
Uma das autoras e estudiosas de envelhecimento mais proeminentes no Brasil, a antropóloga Mirian Goldenberg acaba de lançar mais um livro dedicado tema. Em A Arte de Gozar (Record, 2023), ela fala de forma leve e descontraída sobre sexo na maturidade. Amor, tesão, infidelidade, corpo, envelhecimento e liberdade são alguns dos aspectos abordados. O livro foi escrito a partir de um estudo com mais de 5 mil mulheres e homens, que mostraram suas diferentes visões sobre amor e prazer. A publicação traz também lições sobre a velhofobia e o Manifesto das Velhas Sem Vergonhas. “Em tempos de tanto ódio, intolerância, preconceito e violência, gozar é um ato revolucionário.”, escreveu Mirian.
Mariana Mello é jornalista e fundadora da Alma, agência especializada em conteúdo para marcas em plataformas digitais e audiovisuais. Aos 37 anos, decidiu se especializar em Gerontologia Social pela PUC-SP em 2018. Hoje, aos 43, faz pós-graduação em Gerontologia no Hospital Israelita Albert Einstein e dedica-se a projetos de conteúdo para marcas e empresas voltados ao viver mais, além de palestras e consultorias sobre comunicação e longevidade. Parcerias e projetos: mariana@maturidades.com.br
Conteúdo produzido por humanos
Reportagem | Marcela Cunha e Pedro Braga/Alma
Tecnologia | Ivan Carlos
Imagens | Freepik e Divulgação
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